Bohème chic!

Em Belo Horizonte, onde vivi minha infância, o povo cigano exercia um enorme fascínio na população. Eles povoaram meu imaginário com a mesma dose de atração e medo e sua vida nômade era tudo o que eu mais desejava. Muitas vezes chegavam quase juntos com os circos que visitavam a cidade e emoção era em dobro. Embora fosse proibido, a meninada não resistia espiar escondido seu acampamento.

As mulheres, com suas saias rodadas, blusas decotadas e braços cheios de pulseiras douradas, me fascinavam. Por causa da quantidade de pulseiras, brincos, colares com medalhas, braceletes, broches e correntes, eu sempre as imaginei riquíssimas.

Imortalizados em tela por Van Gogh com As Caravanas, o trailer cigano ou de circo sempre me despertou uma enorme curiosidade. Nunca consegui entrar, mas, certa vez, conheci uma tenda cigana. Não me consigo me lembrar dos detalhes, mas uma profusão de cores e tecidos brilhantes brincam pela minha memória.

Era confuso para mim entender a razão das perseguições impostas aos ciganos através dos tempos. Eles me pareciam um povo cordial e alegre, mas minha mãe dizia que aquelas mulheres bonitas podiam roubar para sempre uma criancinha, se essa se afastasse da casa dos pais.

Os ciganos carregam através dos séculos sua história nômade que se traduz num estilo de vida e um estado de espírito boêmio!
Pierre Le Fur, um francês no ducado de Uzès, nas alturas de Saint-Quentin-la-Poterie na Gard, teve o trabalho de colecionar uma seleção representativa de trailers ciganos e circenses (1860-1970), que aluga para festas, casamento e locação de fotos e filmagens.