Nossa mesa era farta e alegre, às vezes, minha tia aparecia com as filhas para almoçarem conosco. Lembro-me bem do sabor dos bifes à milanesa com arroz de forno que minha mãe fazia. Frango, nesse tempo, era para os domingos. Os pedaços fritos, dourados, acompanhados de salada de batatas e farofa. Eu adorava. Mas acho que o melhor de tudo era a presença dos dois juntos comandando a mesa, conversando sobre a semana que passou e fazendo algum plano para a próxima. Havia também o momento das recomendações sobre o nosso comportamento (meu e do meu irmão). Não chegava a ser uma bronca para não quebrar a harmonia, mas meu pai mudava o tom de voz para dizer que devíamos nos comportar e não dar trabalho para mamãe enquanto ele estivesse fora. Depois disso, todas as vezes, religiosamente, ouvíamos a mesma promessa de passear com ele caso nos comportássemos bem.
Aos domingos minha mãe abria a sala de visitas, lugar proibido às crianças sem a sua supervisão. Quando a porta se abria, no primeiro momento, havia um inconfundível aroma de lavanda que minha mãe borrifava no sofá e eu adorava. Meu pai escolhia um disco e ligava a eletrola. A voz de Frank Sinatra, Nat King Cole, Louis Armstrong e o inconfundível som da orquestra de Glenn Miller que enchiam a casa, permaneceram no meu gosto musical. Às vezes ele tocava Rock Around The Clock e todos nós dançávamos. Mas, na maioria das vezes, enquanto ele ouvia música, eu me deitava no tapete brincando com um caleidoscópio maravilhoso que ganhei de presente de meu padrinho.
Esses momentos mágicos fazem parte de minhas melhores lembranças e sei que foi esse tempo de inocência que moldou a mulher que sou hoje.
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