Quem Sou Eu

QUEM SOU EU

Passei a maior parte de minha vida adulta traduzindo idéias em palavras, porque meu trabalho estava ligado a essa forma de expressão. Agora uso as mãos para transformar idéias em belos objetos.

Desde então, vivo em estado de graça, descobrindo todo um universo de cores e texturas, criações e invenções, onde as mulheres transitam em liberdade. Um estado de permanente delicadeza, onde se compartilham emoções e vivências enquanto as mãos produzem e expressam sentimentos.

Estou adorando!!!!

04/09/2011

Os domingos da minha infância

Domingo sempre foi um dia especial para mim. Na infância era o dia em que meu pai estava em casa e o almoço feito para ele. Meu pai costumava sair comigo e meu irmão enquanto minha mãe preparava a comida. Íamos ao Parque Municipal andar de charrete ou ao Mercado Central para comprar as frutas da semana. Para mim não importava qual dos dois lugares porque gostava de ambos. Ainda hoje, tantos anos depois, fecho os olhos e posso sentir o cheiro de açúcar queimado virando algodão doce, colorido de azul e rosa, que costumávamos comer no Parque.
Nossa mesa era farta e alegre, às vezes, minha tia aparecia com as filhas para almoçarem conosco. Lembro-me bem do sabor dos bifes à milanesa com arroz de forno que minha mãe fazia. Frango, nesse tempo, era para os domingos. Os pedaços fritos, dourados, acompanhados de salada de batatas e farofa. Eu adorava. Mas acho que o melhor de tudo era a presença dos dois juntos comandando a mesa, conversando sobre a semana que passou e fazendo algum plano para a próxima. Havia também o momento das recomendações sobre o nosso comportamento (meu e do meu irmão). Não chegava a ser uma bronca para não quebrar a harmonia, mas meu pai mudava o tom de voz para dizer que devíamos nos comportar e não dar trabalho para mamãe enquanto ele estivesse fora. Depois disso, todas as vezes, religiosamente, ouvíamos a mesma promessa de passear com ele caso nos comportássemos bem.
Aos domingos minha mãe abria a sala de visitas, lugar proibido às crianças sem a sua supervisão. Quando a porta se abria, no primeiro momento, havia um inconfundível aroma de lavanda que minha mãe borrifava no sofá e eu adorava. Meu pai escolhia um disco e ligava a eletrola. A voz de Frank Sinatra, Nat King Cole, Louis Armstrong e o inconfundível som da orquestra de Glenn Miller que enchiam a casa, permaneceram no meu gosto musical. Às vezes ele tocava Rock Around The Clock e todos nós dançávamos. Mas, na maioria das vezes, enquanto ele ouvia música, eu me deitava no tapete brincando com um caleidoscópio maravilhoso que ganhei de presente de meu padrinho.
Esses momentos mágicos fazem parte de minhas melhores lembranças e sei que foi esse tempo de inocência que moldou a mulher que sou hoje.

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